- Mariana? Que estás aqui…a fazer?- diz João hesitando no seu discurso e de seguida tornando-se um pouco agressivo na fala. Quem é este?
- Calma João. Este é o Pedro, um amigo meu.
- Prazer João. – Diz Pedro, levantando-se da cadeira e esticando a mão para um aperto de mão. Mas João em nada lhe liga, ignora o aperto de mão e diz:
- Podemos falar Mariana? A sós!
- Sim João. Eu já volto Pedro. Com licença.
Mariana e João afastam-se da esplanada e começam a falar.
- Escusavas de ser tão desagradável João!
- Porque vieste até aqui e nem sequer me disseste nada Mariana?
- Calminha João! Se não te disse nada foi por isto mesmo. Já viste o circo que estás a armar?
- Circo nada! Quer dizer, convido-te e tu apareces aqui com este palhaço?
- João? Estás-te a passar ou quê?
- Queres que te diga, sinceramente? Já não és a mesma Mariana que eu conhecia! Agora já nem passas tempo comigo, já não me ligas puto e passas a vida a ignorar-me!
- Ouve bem o que me estás a dizer João, depois pensa bem no que estás para aí dizer! Achas que estás a ser correcto comigo? Por isso, vai-te embora. É melhor para ti e para mim. Reflecte no que me disseste durante o resto do dia e logo aparece no bar, que lá falamos melhor. – Mariana profere estas palavras e vira costas a João e põe-se a caminho da esplanada.
- Mariana, não me vires as costas! Mariana? Estou a falar contigo!
- João, é melhor falarmos depois. Não quero falar contigo, agora!
- Ok, vai lá ter com o teu palhacinho!
Mariana já nem ligava ao que João dizia, sabia que grande parte daquilo era falta de atenção e ciúmes por Pedro estar ali com Mariana e ele nem saber de nada. “É sempre tão desagradável quando está chateado. Fogo! Será que mudei assim tanto? Poças, posso já não estar tanto por casa, mas ele sabe bem os motivos. Tenho de trabalhar e estudar ao mesmo tempo. Ele tem de compreender a minha situação.”
- Finalmente chegaste Mariana! – Disse Pedro, com entusiasmo enquanto Mariana se sentava com uma cara tristinha.
- E já estão aqui as lasanhas. – Apresenta-se Manel.
- Que se passa Mariana? Que carinha é essa?
- Nada Pedro. Depois falamos, só te quero pedir desculpa pela atitude do João.
- Ok Mariana. Não peças desculpa, não vale a pena. Mas quem era ele afinal? Não me digas que era o teu ex. – Diz com uma voz assustada. – Era? Ele fez-te alguma coisa? Aconteceu alguma coisa? Eu bem sabia que deveria ter ido lá. – Dizia lamentando a sua atitude.
- Calma, calma Pedro. – Pede Mariana enquanto acaricia a face a Pedro. – Era o João, um amigo de infância, garanto que não aconteceu nada. Tem calma que depois conto-te tudo.
- Ok Mariana. Eu compreendo. – Diz olhando para Manel que se aproximava agora da sua mesa com um terceiro prato.
- Peço desculpa pessoal, dão-me licença?
- Claro Manel. Até porque não acabamos a conversa de há pouco. – diz Mariana com alguma ironia na sua voz.
- Pois não, é verdade. Bem, com que então já me viste a actuar.
- Sim, eu e as minhas amigas. Adoramos, posso-te garantir.
O almoço desenrolava-se por entre conversas e petiscos deliciosos que Manel fazia questão em trazer para a mesa, já que já não havia mais clientes naquela hora. Contavam-se, então, histórias de infância, de adolescência e a vida do dia-a-dia.
- Meu Deus, todas as nossas histórias tem algo em comum. Todos nós, nunca tivemos contacto com um dos nossos pais, como é o teu caso Pedro, ou com os dois, como é o teu caso e o meu, Mariana. – Concluía Manel no final da conversa.
- É bem verdade. Não fazia ideia que tinhas passado por tantos problemas Manel. – dizia Mariana emocionada. – És sem dúvida um caso que qualquer pessoa, na tua situação, devia seguir. Eu ainda tive quem cuidasse de mim quando os meus pais morreram. Mas tu foste para um orfanato, quando os teus pais te abandonaram, e nem um ano de vida tinhas. Um orfanato onde te tratavam e te sentias mal. Realmente, os teus pais adoptivos devem ser fantásticos. Principalmente, porque tiveram aquela atitude tão nobre de lutar pela tua guarda, mesmo sabendo os problemas que tinhas, quando eras criança.
- São a minha sorte, o meu porto de abrigo. – diz emocionado Manel.
- A senhora Teresa e o senhor Paulo são excelentes pessoas. Lembro-me de tentarem pôr ordem na minha cabeça quando me meti em sarilhos. Infelizmente não lhes liguei nenhuma e foi no que deu. Quem gosta imenso deles é a minha irmã mais velha, a Claúdia.
- Eish, Faz tempo que não a vejo. Ainda no outro dia, quando fui ao Norte a casa dos meus pais, falamos em vocês, mas nenhum de nós sabia onde anda ela. Porque agora os meus pais estão a viver em Braga.
- Um dia vou contigo lá visitá-los. A Cláudia foi trabalhar para Inglaterra com o namorado, há cerca de um ano. Lá ganha-se muito bem, como deves saber. Com a ajuda da Emily e da mãe dela, felizmente, conseguiram arranjar bons empregos, em Londres. E a Teresa, a minha maninha mais nova, vive comigo e vai agora para o 12º ano.
- A Emily… Faz tempo que não vejo essa princesa. – profere com alguma saudade na sua voz. - Temos vários amigos que foram trabalhar para fora. Os resistentes da nossa altura, que ficaram por cá, fomos nós e Cátia.
- Pois, a Cátia. – Exprime Pedro com cara de desagrado.
- O quê, ainda continua com aquela panca que tinha por ti? – Ri-se à descarada.
- Pelos vistos sim. – Interrompe Mariana com alguma raiva aparente na sua voz. – Mas bem, com esta conversa tão agradável, já são 16 horas!
- Ui! A sério Mariana? Fogo, ainda tenho de tratar de uns assuntos muito importantes.
- E nós também. – Afirma Pedro.
- Ai sim? Está bem então. – diz com surpresa Mariana. - E logo que fazes Manel?- questiona.
Sem comentários:
Enviar um comentário