domingo, 5 de junho de 2011

14º Capítulo - As revelações 3ª Parte

Leu a de Matilde: “Minha querida, já combinei com o pessoal logo à noite vamos ver aí o espectáculo no teu bar! Depois ligo-te, ok? Beijinho adoro-te” “Olá amoooor! Sim, sim venham isto é engraçado, de certeza que vão gostar! Depois liga-me. Beijo adoro-te ;)”
Leu a de João: “Aninha, onde te metes-te? Preciso muito de falar contigo, queres vir almoçar comigo ao Vasco da Gama? Beijo enorme gosto muito de ti! :D “ Joãozinho, estou a trabalhar, fala com o pessoal e aparece também no bar logo à noite. Não posso ir almoçar contigo porque tenho que ficar a tomar conta disto. Beijo também gosto de ti Joãozinho"
Por último leu a de Pedro: “ Olá! Lá para as 12h apareço aí e depois vamos almoçar alguma coisa. Beijo” “Olá! Eu vou ter que ficar a tomar conta disto, mas acho que consigo arranjar alguma coisa para comermos aqui… Fico á tua espera! Beijo "
Entretanto chega Rodrigo ao bar, entra mas não diz nada. Olha à volta e começa a falar para Mariana com alguma arrogância:
- Ouve lá, só estás aqui tu?
- Como podes observar, sim!
- A Emily não está por aí? Sabes quando ela volta pelo menos, inútil? – diz com arrogância.
- Tenho cara de GPS ou coisa parecida?
- Ouve lá, eu sou teu patrão, portanto mais respeitinho! Se eu quiser ponho-te a andar daqui ó mosca morta!
- Bem, mais respeitinho peço eu. Por ser empregada não significa que me tenhas que me tratar mal!
- Está bem, está! Olha, fui. Não vou estar aqui a tratar de mosquinhas mortas!
- Vai e não voltes! – murmurou Mariana.
- O que disseste? – aproxima-se Rodrigo de Mariana – Ó Mosca morta – disse agarrando Mariana pelo braço com alguma agressividade e olhando Mariana olhos nos olhos – tu aqui não mandas nada, portanto baixas a bolinha! Ok?
Mariana ficou parada, naquele momento não conseguiu ter qualquer tipo de reacção.
Ouve-se então uma voz masculina:
- Pára já, Rodrigo! Tu és mesmo um canalha, não és?
Era Pedro, que tinha chegado para o almoço com Mariana. Aproximou-se de Rodrigo e empurrou-o.
 - Bem, também tu? Ainda bem que chegas-te que a tua nova amiguinha está em apuros! – disse Rodrigo largando Mariana. - Mede-te Pedro! – disse aproximando-se da porta. – Adios moscasitas!
- Isso cobarde, foge!
- Eu não fujo, apenas não quero sujar as minhas mãozinhas com gente tão reles! – disse desaparecendo da vista de Mariana e de Pedro.
Mariana, quando Rodrigo desaparece da sua vista, cai no chão e começa a chorar. Pedro agarra-se a ela e pede-lhe para ter calma. Mariana chorava, chorava como não chorava há muito tempo, tinha prometido a si própria que nunca mais choraria.
Enquanto Pedro acariciava a face de Mariana e limpava-lhe as lágrimas, Mariana relembrava-se de toda a história que se tinha passado há algum tempo atrás.
- Mariana então querida? Por favor, acalma-te. Não fiques assim. – dizia enquanto a abraçava e acariciava seu rosto. – Não chores mais… eu gosto muito mais do teu sorriso Mariana. – proferiu bem baixo enquanto agarrava no seu queixo e a fazia olhar nos seus olhos. – Não chores mais, peço-te.
- Não é fácil Pedro. Isto fez-me recordar um episódio muito mau que jurei esquecer. – voltou a lacrimejar.
- Oh, Mariana…O que se passou?
- Pedro, eu não quero falar nisso…não quero recordar-me disso.
- Oh Mariana, eu agora estou muito preocupado. Diz-me por favor. – dizia Pedro enquanto levantava Mariana do chão e a pousava no pequeno sofá junto à vitrina. – Sabes que podes confiar em mim, eu também já te contei muita coisa que ainda me faz sofrer.
- Eu conto… é difícil, mas vou contar-te. – suspirou e olhou Pedro nos olhos.
- Porque ficaste desta maneira?
-A maneira como ele me olhou e me agarrou fez-me lembrar uma pessoa.
- Que pessoa?
Mariana começava novamente a chorar, mas tentava falar.
-O meu ex namorado.
- Porquê? O que ele te fez?
- Olha Pedro, eu namorava com ele acerca de 3 anos. Desde crianças que nos conhecíamos, e na verdade, não me lembro de gostar de outra pessoa, sempre gostei dele. Em pequenos éramos namoradinhos, naquela de brincadeira. Á medida que fomos crescendo, sempre tivemos as nossas aventuras, os nossos namoros, mais sérios ou não. No secundário, ficamos na mesma turma, voltamos a aproximar-nos e acabamos por ter uma relação. Era uma relação como todas as outras, normal…as suas brigas de namorados, como existem sempre, mas nada de muito grave. Até que o secundário acabou, a universidade chegou e nós entramos no Porto. Eu entrei em radiologia e ele tinha entrado em engenharia civil. Como éramos os únicos que tínhamos ficado no porto, alugamos um T0. Tudo corria bem, até que ele me deu como garantida, ele mudou tanto, tanto…tornou-se possessivo, arrogante e violento. Um dia na semana dos caloiros, armou confusão no bar em que estávamos, porque um colega meu me veio cumprimentar, e quando chegou à rua começou a discutir comigo de uma maneira que nunca tinha visto…eu não disse nada, apenas queria sair dali para não apanhar mais vergonha do que a que estava a passar…fomos para casa, arrastei-o até casa com a bebedeira. Quando chegou a casa começou a discutir à séria, agarrou em mim e começou bater-me, espancou-me de tal maneira que, caí inconsciente no chão.
- Foi por isso, que a maneira como o Rodrigo te agarrou e olhou te magoou tanto?
- Sim…fez-me relembrar tudo o que passei com o meu ex.
- Mas tu foste para o hospital, tiveste alguma coisa de grave?
- Sim, eu nessa noite fui para o hospital. Porque os vizinhos ouviram tudo e, como a porta do apartamento estava aberta, eles entraram e viram aquele cenário, chamaram logo o INEM e a polícia.
- Bem, Mariana que filme! Mas e que aconteceu mais?
- Eu só me lembro de acordar no hospital do S. João, com a Maria e o João ao meu lado. Explicaram-me tudo o que se tinha sucedido, o médico veio logo de seguida e explicou-me que tinha diversos hematomas e um traumatismo craniano, enquanto que não soubessem como ficava não podia sair. Depois a polícia chegou, fez-me um montão de perguntas. E passado uma semana tive alta.
- Oh Mariana, o que tu já passaste! E depois o que aconteceu?
- Resumindo? O Diogo foi preso, eu voltei para o norte com os meus avós e perdi um ano de universidade.
- A tua história, bem é mesmo muito má…é muito trágica! Tu não merecias nada disto, tu mereces tudo bom, Mariana.
- E tu? Contas-me a tua história?
- Com a minha ex?
- Sim, sei que também passaste mal. Queres contar?

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