terça-feira, 31 de maio de 2011

10º Capítulo - A surpresa

E assim foi, Mariana contou o que se passava às meninas.
            - Foi assim meninas.
            - Aii Mariana. Que história mais linda! Até parece filme! – exprimia Maria toda “babada”
            - Não parece verdade pois não? – expunha Mariana.
            - De todo! – dizia Matilde. – Mas tu estás bem e feliz, isso é que importa.
            - Meninas, se me desculpam, eu tenho de ir dormir. Logo começo a trabalhar.
            - Pois, agora és uma menina com responsabilidades! - disse Maria num tom brincalhão.
            - Bem até amanhã meus amores.
Encaminhou-se para o quarto, com a mala numa mão e telemóvel e o papel na outra. Quando chegou ao quarto ligou para o número que o Pedro lhe tinha dado.
- Sim? Quem fala?
- Olá Pedro!
- Ah, és tu Donzela! Pensava que já não ias ligar.
- Só pude ligar agora, desculpa!
- O que interessa é que ligas-te! Então chegas-te bem?
- Sim, pensava que não querias mais falar comigo. Desapareces-te de uma forma estranha.
- Mas vês, adivinhei o que se ia passar!
- Que engraçadinho! Assustaste-me poças!
Pedro riu-se
- Preparada para logo?
- Sim, acho que sim!
- Depois aparece na concorrência.
- Shiii, pois é. Agora somos adversários. Então não vou palhacinho. – dá um sorriso de malandra.
- Vais sim. Eu quero…ver-te!
- Sendo assim, vou pensar nisso então. Já que eu também te quero ver!
- Amanhã vais a pé?
- Não sei se calhar apanho o autocarro da Guia e depois vou a pé para cima.
- A que horas sais de casa?
- Lá para as 9h. Porquê?
- Oh, por nada, por nada. Então pronto, vou dormir! Hoje foi um dia cansativo.
- Eu também. Sem dúvida que foi.
- Então até amanhã donzela!
- Até amanhã palhacinho!
- Beijo grande!
- Beijinho! – Mariana desliga o telemóvel e sorri olhando para ele.
- Aii que romantismo anda por aí! Quem era? – Interrompe João – Era o tal rapaz de quem andas-te à procura?
- Sim João.
- E estás bem?
- Sim Joãozinho, eu estou muito bem! – diz sorrindo e de imediato boceja. - João, eu vou ter que ir dormir, estou cansada.
- Ok aninha! Dorme bem! Até amanhã. – Beija-lhe a testa e aconchega-a.
- Até amanha Joãozinho, dorme bem querido.
- Até amanhã! Sabes que gosto muito de ti, não sabes? – diz já perto da porta do quarto de Mariana.
- Sim João, eu também! – diz já com os olhos fechados e mandando-lhe um beijinho.
João encaminhou-se para a porta, abriu-a, olhou novamente para Mariana.
-Até amanhã Mimi. - Suspirou
Mariana tinha sono, rodava para um lado e para o outro, mas não conseguia dormir com tanto entusiasmo, portanto optou por escrever:
Conto de fadas˜
De repente acordei! Acordei a pensar se aquilo não tinha passado de um sonho. Foi tudo tão estranho, e ao mesmo tempo aconteceu tão normalmente e repentinamente que parecia ter sido um sonho. Um sonho bom, onde tu eras um príncipe com asas e eu uma simples princesa, caída nos teus braços.
Cheio de ternura me levaste ao céu, e me trouxeste no teu cavalo branco, que nos guiava por entre as estrelas de uma noite fria, que ficou tão quentinha enquanto falávamos da magia, a magia desse teu ser, ser incrivelmente fantástico e puro.
Parece um sonho, não parece este conto? Esta loucura que começou por tão pouco e que não quero que acabe tão cedo! Este sentimento faz-me sentir viva e livre. Viva por este sentimento ser tão bom de se viver e livre por me conseguir fazer voar por entre tantos obstáculos!
Não consigo dormir, só consigo pensar nesse teu sorriso maravilhoso, que encandeia qualquer vista, e nessa doçura e ternura tão tua!
QUERO-TE MEU PRÍNCIPE! QUERO CAPTURAR ESSA TUA FRAGRÂNCIA”
Naquela noite Mariana não conseguiu dormir muito bem, com tanto alvoroço que sentia para voltar a encontrar Pedro. Acordou a meio da noite para beber um leite bem quente, rotina que fazia quando tinha insónias. Reparou então que João tinha adormecido no sofá da sala. Mariana sorriu ao vê-lo a dormir ali, chegou perto dele, desligou a televisão e acabou por aconchegá-lo com um pequeno cobertor. Falou ali enquanto o observava a dormir.
- Oh meu Joãozinho, hoje preguei-te um grande susto. – Acaricia a sua face – Mas não te preocupes comigo, está tudo muito bem.
Mariana ficou ali pela sala, seu pensamento girava em volta do que tinha acontecido naquele dia. Olhou para o seu telemóvel para ver que horas eram, havia uma mensagem.
“ Espero que amanhã o teu dia corra bem! Adorei estar contigo neste dia. Pedro (: ”
Mariana sorriu envergonhada. E comentou:
-É bem tolo. – e sorriu.
Quando deu por si, já eram 8:20 da manhã, havia adormecido ali ao lado de João. Levantou-se dali, tomou um duche rápido, pegou nuns calções de ganga e numa t-shirt com BD e numas sandálias, vestiu-se, foi à cozinha tomou um café, aconchegou João, pegou na sua mala, escreveu uma pequena nota: “Pessoal fui trabalhar, se quiserem aparecer o bar chama-se “ Bar DaVinci”, há música ao vivo todas as noites. Beijo adoro-vos”
Mariana saiu de casa, toda apressada, já eram 8:45 da manhã, de certeza que já não iria apanhar o autocarro das 9 horas para a Graça.
-ARR! Que porcaria. Logo hoje. – Resmungava Mariana enquanto descia as escadas do seu prédio, bem depressa. De repente ouvira uma voz.
- Mariana, Mariana! Espera.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

9º Capítulo - A partida

- Então meninos, gostaram? – Perguntava Emily.
- Claro Emily. É muito bonita a música! – Respondia Pedro.
- Cantas-te muito bem! – Dizia Mariana.
- E não, desafinei mais de quantas vezes!
- És sempre assim tu, não lhe liguem. - Interrompeu Rodrigo. - Olá, Pedro… - saudando com arrogância.
- Olá, Rodrigo.
- Não me apresentas a tua nova amiga? – continuava Rodrigo.
- É a Mariana, Rodrigo. Sabes, ela começa a trabalhar aqui amanhã, pelo que já sei. – Disse de imediato Emily. Piscando o olho a Mariana.
- Emily, então ela pode ajudar-te a arrumar isto. Eu vou-me embora, até amanhã! Vou buscar a minha irmã Sandra.
- Mas… - dizia emily.
-Xau! – despediu-se Rodrigo.
- Que estúpido! Ele é mesmo assim Mariana. Não lhe ligues, vai para casa. Amanhã voltas, descansa e ajudas-me. Ok?
- Mas eu posso ajudar-te agora querida!
- Não, não é necessário. Daquele parvo cuido eu!
Mariana levantou-se para ajudar e começou a arrumar a loiça.
- Pára! Vai embora e amanhã ajudas. – Pedia Emily enquanto lhe tirava a louça das mãos.
- Pronto, eu paro.
- Bem até amanhã Emily! – Disse Pedro – Vamos Mariana!
- Então até logo querida.
- Xau Mariana e Pedro, portem-se mal! Até amanhã!
Mariana pegou na sua mala, e dirigiu-se ao lado de Pedro até á saída.
- Bem, é agora que nos despedimos. – disse Mariana.
- Não! Eu vou levar-te a casa, faço questão! Tenho ali a minha mota, anda!
- Eu não posso aceitar Pedro, hoje já estou a abusar!
- Não estás nada! Não me vou sentir bem se não te levar a casa, até porque já é muito tarde. Faço questão de acompanhar-te donzela. – pisca-lhe o olho.
- Pronto ok, eu aceito palhacinho.
Depois de uma pequena viagem, até o pequeno apartamento da Mariana e das suas amigas. Mariana sai da mota, e despede-se:
-Muito obrigada, Pedro. Muito obrigada, por tudo o que aconteceu hoje e pelo que fizeste por mim!
- De nada! Não foi nada!
Despediram-se então com dois beijos no rosto.
- Adeusinho! – Disse Mariana enquanto subia as escadas.
- Tchauzinho!
- Mas…espera, dás-me o teu número? – pedia Mariana.
- Encontra-o! – Disse Pedro piscando o olho, enquanto se retirava de mota!
- Ei? Espera!
- Até amanhã, Mariana!
- Até amanhã?!
Mariana subia agora as escadas do edifício onde morava, fazia aquilo todos os dias. O elevador estava estragado há anos, na verdade Mariana nunca tinha andado nele. A administração de condóminos nunca a conhecera.
Pensava agora no que tinha acontecido naquele dia! “Foi sonho? Ai, miúda quem diria?! Mas ele fugiu, ele não quer nada contigo! Esquece Mariana! ” seu pensamento parava agora, tirava as chaves de casa e caíra no chão um papel.
Mariana apanhou-o, abriu-o e leu-o!
“ 91*******. Telefona-me! Pedro :p”
- Que maluco! – sorriu.
- Maluco? Maluca és tu! Tens noção do susto que nos pregaste? – Dizia João, um amigo de infância de Mariana – estávamos todos super preocupados contigo. Desapareces-te de manhã à procura de sabe-se lá quem e não deste mais notícias. – abraçou-a. – Pensava que te ia perder Aninha!
- Que exagero Joãozinho! Eu estou bem, não te preocupes.
- Pessoal, é a Mariana! – Anunciou João.
- Mariana! Poça, que susto! – Falava agora Maria bem agarrada a Mariana.
- Oh meu amor, tem calma! Eu estou bem!
- Anda um montão de gente à tua procura!
- Já liguei, a todos! - Interrompeu Joane. – Onde te metes-te mulher? – e abraça Mariana.
- Andei por aí! Eu estou bem.
- Oh, oh, oh…O que é esse papel menina Mariana? – perguntava Maria.
- Oh, não é nada. – enquanto tentava esconder o papel.
Maria, rouba o bilhete da sua mão.
- “9********. Telefona-me! Pedro” ??? O que é isto Mariana? – pergunta Maria com entusiasmo.
- Não é nada, já disse meninas. – ruborizava Mariana
- Pedro? Quem é o gajo? – perguntava Matilde.
            - É o da festa, Mary? - disse Inês quando chegava agora a casa, com a Matilde.
            - É? – perguntam em conjunto Joane e Matilde.
            - Mas é claro. Olhem bem para os olhinhos dela, até brilham. – Gracejava Maria.
            - Sim é! Pronto, já disse curiosas!
            Uma sinfonia de suspiros ais e uis se iniciava ali, quando Mariana revelara a verdade.
            - Conta, tudinho! – pedia Maria.





quinta-feira, 26 de maio de 2011

8º Capítulo - O part-time 2

- Sim, está ali ao fundo com o Rodrigo. Eles hoje vão actuar e apresentar a nova música que compuseram, e eu vou cantar. Porque é que achas que está tanta gente? Toda a gente me quer ouvir. – dizia com alguma ironia.
- Oh, pois claro que é. Eles tinham-me dito, mas esqueci-me. Claro Emily, a tua voz é soberba.
- Lá estás tu! Ora aqui estão dois cafés. Nem apresentas a tua amiga gira, seu mal-educado.
- Olá, eu sou a Emily, prazer!
- Olá eu sou a Mariana, prazer.
- Ela vem cá por causa do part-time, está a precisar de arranjar uns trocos.
- Vieste ao lugar certo. Estamos mesmo a precisar de alguém.
- O lugar ainda não está ocupado?
- Não, querida. Neste país ninguém quer trabalhar!
- Lá isso é verdade. Mas eu quero!
Riram-se
-Olha vai começar! Eu já volto.
- Vai ser bom o concerto! Eles tocam muito bem e ela canta espectacularmente!
-Boa noite pessoal! Obrigado por estarem aqui, espero que gostem desta nova música, composta por mim e pelo meu companheiro Rodrigo, e que temos o prazer de ser cantada pela Emily!
- É o dono do café, chama-se Rui. É muito porreiro.
Começaram a tocar. A música era bem romântica. Mariana sentia-se observada, quando olhou para o seu lado, Pedro estava a observá-la. Mariana sorriu-lhe envergonhada, seus olhares desde então, permaneceram ligados durante a música toda. Sorriam e acabaram por dar as mãos.
- Estou a gostar de te conhecer Mariana!
- E eu a ti também, Pedro!
Seus olhares continuavam penetrados um no outro. Mariana pensava para com ela: “ Isto é um sonho? Não me acordem, por favor! Aii, ele é tão lindo; que sorriso meu Deus.”
A música tinha acabado, largaram as mãos e aplaudiram.
- Realmente tocam e cantam muito bem, e o bar tem mesmo um bom ambiente! – Afirmava Mariana.
- Eu disse-te! Podes confiar em mim, tenho bom gosto!

- Olá Pedro, sejas bem aparecido! Tudo bem? – perguntava Rui.
- Olá Rui! Está tudo bem e contigo?
- Também meu rapaz! Gostas-te?
- Sim, nós gostamos! – Disse, voltando-se para Mariana
- Olá, sou o Rui. Prazer, Mariana! – Apresentava-se Mariana.
- Olá, Mariana! O prazer é todo meu! A Emily disse que vinhas arranjar aqui trabalho, é verdade?
- Sim, eu gostaria.
- Tens experiência?
- Não, mas garanto que aprendo rápido.
- Então estás contratada! Começas amanhã! Aparece por aqui, por volta das 5h da manhã!
Mariana toda espantada:
- 5h horas da manhã? Ok, se tiver de ser é!
- Enganei-te, estava a brincar. Aparece lá para as 10h, está bem?
- Ahm, ok. Muito obrigada Rui!
- De nada! Se estás com o Pedro, é porque és boa rapariga!
- Oh, obrigada! – Ruborizou.
- Bem, tenho de ir. A minha irmã ligou-me, vou ser tio!
- Parabéns. – desejavam Pedro e Mariana.
- Obrigada, até amanhã!
- Até amanhã! -
- Parece ser mesmo porreiro. Obrigada Pedro, se não fosses tu não arranjaria este emprego. – esclarecia Mariana.
- De nada Mariana. Tu mereces!

quarta-feira, 25 de maio de 2011

7º Capítulo - O Part-time

             - Os meus avós são uns amores. É claro que estão sempre a ligar, mas estou com os meus amigos e eles confiam em mim. Mas não gosto nada de andar a gastar o dinheiro deles para borgas e saídas. Estou a precisar de uns trocos para me governar sozinha! – informa Mariana.
           - Ai sim? Eu conheço alguns lugares que procuram pessoas para um part-time, posso-te indicar alguns.
            - A serio? Estou mesmo a precisar! É que depois vem a Universidade e dava mesmo jeito. – esclarecia Mariana - Ufa, que calor! Isto cansa! – pousando o pano.
            - Calor? Então refresca-te lá! - Pedro molhou Mariana com a água do seu copo.
-Ai! Tu queres guerra? Então toma lá! - Mariana despejou a sua garrafa de água em cima de Pedro.
Começaram naquela pequena brincadeira. Uma brincadeira longa, onde ambos sorriam e por momentos esqueceram todos os problemas. Pareciam umas crianças naquela brincadeira sem fim.
Esgotados sentaram-se perto do balcão, um ao lado do outro, ali, no chão, todo molhado. Olhavam agora novamente nos olhos um do outro e sorriam.
- És bem maluquinho. – Disse Mariana passando a mão no semblante molhado de Pedro.
- E tu também! Já há bastante tempo que não me sentia assim tão feliz. – Assumia Pedro com um sorriso no rosto.
-Nem eu. A vida não tem sido nada fácil para nós. – Pronunciava Mariana olhando para Pedro.
-Pois não. – Confirmava Pedro enquanto afastava os cabelos molhados de Mariana dos seus olhos verdes. Aproximou os seus lábios da face de Mariana e deu um beijo bem doce na sua testa. Mariana ruborizou e com a atrapalhação, atirou a vassoura, que se encontrava ali do seu lado, ao chão.
-Bem vou lavar o chão. - Disse de imediato Mariana com alguma vergonha. Pegou na vassoura e começou a varrer o chão.
- Espera, eu ajudo-te. – Pegou Pedro na vassoura e tocou na mão de Mariana.
Mariana corou novamente e Pedro sorriu.
Depois de passarem o chão que estava todo molhado, Pedro foi tratar das coisas nas arrumações, enquanto Mariana procurava a sua mala.
-Pedro, não viste a minha mala? – Perguntou Mariana enquanto olhava à sua volta.
-Sim, está aqui dentro. – Respondeu de imediato Pedro ainda dentro das arrumações.
-Traz-ma, por favor. – Solicitou Mariana.
-Sim eu já a levo, estou quase a despachar-me. – Disse Pedro.
-Ok, eu fico á espera. Gosto do nome deste café!
-O senhor Filipe diz que este nome tem um significado especial para ele, há uma história por de trás do nome, mas ele não me conta.
- Eu gostava de sabê-la.
- Também eu…
Saiu das arrumações, mas agora com um visual novo. Sem a farda de trabalho mas sim com umas calças de ganga e uma T-shirt bem divertida.
- Vamos embora? Conheço um bar aqui perto, que precisa de uma empregada. Queres ir lá ver? Olha a tua mala.
- Sim, vamos lá ver. Obrigada! – Mariana tira o telemóvel da sua mala. – Meu, deus! Tanta chamada e mensagem.
Enquanto lia as mensagens e respondia, Pedro fechava a porta do café.
- Vamos? É por este lado. É já ali ao fundo. – Dizia agarrando a mão de Mariana.
- Sim, vamos. – dizia Mariana olhando para as suas mãos entrelaçadas com as de Pedro e muito depressa para o seu telemóvel.
Viraram a esquina e já estavam no café. “Bar DaVinci” 
- Parece-me bem o nome! – dizia Mariana com entusiasmo.
- Sim, é um bom bar e tem um bom ambiente e há música ao vivo todas as noites.
- Excelente!
Entraram e realmente o café tinha um bom ambiente. Um palco com vários instrumentos, um balcão enorme com pessoas a fazerem a sua refeição e doze mesas repletas de gente para verem as actuações daquela noite.
-Boa noite Emily! São dois cafés? – perguntava para Mariana.
- Sim, pode ser! – respondia Mariana.
- O Rui está? – perguntava Pedro.

terça-feira, 24 de maio de 2011

6º Capítulo- A conversa 3ª Parte

- Sim, larguei. Nessa mesma noite, passou comigo por minha casa. Falou com as minhas irmãs para elas me ouvirem. Esclareceram-se os problemas e acabei por ficar em casa delas a dormir nessa noite. – Proferiu com um sorriso escondido. – Pronto, desde aí sempre trabalhei aqui, estudo de dia e trabalho à noite e às vezes de tarde. Ganho uns trocos e sou feliz com as minhas irmãs, é o que me interessa. Bem, eu já falei tanto. É a tua vez. – pediu Pedro a Mariana.
- Ai, já viste que horas são? São 11h da noite. Tenho que ir embora!
Pedro ri-se, e diz:
 – Não te vais escapar assim tão facilmente de mim.
- Eu não me quero escapar. Só que já é tarde e tu ainda tens de arrumar isto. Bem, eu ajudo-te. – Ofereceu Mariana.
-Não é necessário ajudares. - Contradisse Pedro.
-Mas eu quero ajudar. – pronunciou Mariana.
-Então pronto, vamos lá. Vai passando esse pano molhado em cima das mesas e depois pões as cadeiras em cima das mesas, enquanto eu vou lavando ali a louça e depois lavo o chão. – Anunciou Pedro.
-Ok. – Concordou Mariana.
Enquanto avançavam nas suas tarefas, iam continuando a falar. Falavam de tudo, da vida e da morte, das tristezas e das alegrias.
-Conta lá então a tua história Mariana. – Pediu Pedro quando começava a lavar a louça.
- O que queres saber? – Perguntou Mariana quando começava a limpar a mesa onde estiveram a comer.
-O que quiseres contar. – Afirmou Pedro.
-Tal como para ti, a vida também não tem sido nada fácil. A minha mãe morreu quando eu nasci, foi um parto complicado, pelo que contam, sucumbiu a pedir ao meu pai que me fizesse a menina mais feliz do mundo. Mas o pedido não se concretizou. – Contou Mariana desfez-se em lágrimas, enquanto que chegava perto do balcão com os copos por onde tinham bebido os seus sumos.
- Não chores Mariana. – Pediu Pedro, limpando de imediato as suas mãos molhadas num pano que tinha perto de si, para acariciar o rosto de Mariana.
- O meu pai trabalhava em Viana do Castelo, mas depois do que aconteceu foi viver para casa dos meus avós paternos, pois sabia que ali me poderia dar toda a atenção e me conseguiria fazer feliz. Mas isso não aconteceu. O meu pai começou a beber por causa de tudo o que se estava a passar naquele momento. Acabou por morrer com cancro no fígado de tanto beber, quando eu tinha apenas 2 anos. Não tenho boas recordações dele. Lembro-me dele chegar sempre bêbedo a casa e os meus avós porem-me logo a dormir, mais nada. E da minha mãe, apenas tenho uma fotografia que os meus avós guardaram para mim. – Voltava a lacrimejar.
Pedro limpa as lágrimas do rosto dela e dá-lhe um grande abraço.

- Tem calma! – Suplicou Pedro.
-Como vês a vida também não foi fácil para mim. – Assumiu Mariana.
- Vejo que não. E com quem viveste até agora? – Questionou Pedro.
-Desde pequena que vivo com os meus avós paternos no Norte. - Respondeu Mariana.
-És do Norte? E o que fazes aqui? – Perguntou de imediato.
-Sim, por enquanto estou de férias com os meus amigos que já estudam cá desde o ano passado. Mas o que quero é vir para aqui a estudar. – Retribuiu Mariana.
- Vens estudar para cá? O quê? A minha mãe também era do Norte. –  Afirmou Pedro.
- Quero tirar o curso de radiologia, na universidade de ciências e saúde. A tua mãe era de Perafita? Isso é perto da minha terra. E tu costumas ir ao Norte? – perguntou Mariana.
- Lembro-me de ir em pequeno com a minha mãe e com as minhas irmãs, mas desde que ela morreu nunca mais lá voltamos. – assumiu Pedro.
- Ainda tens lá família? - questionou Mariana.
-Não sei. Perdi o contacto com a minha família depois do funeral da minha mãe. Eles nunca se deram bem com ela, porque ela veio para Lisboa muito nova. Fugiu de casa para vir atrás do meu pai. – Assumiu Pedro enquanto abanava a cabeça.
            - A tua mãe fugiu de casa? – Perguntou Mariana. - As mesas já estão lavadas. - Informou.
            - Muito bem, por mim contratava-te hoje. – Disse brincando. – Sim, a minha mãe com 18 anos fugiu de casa, para vir ter com o meu pai a Lisboa, mas deixemos de falar nisto por favor. – Pede Pedro com algum desgosto.
            - Ok, compreendo Pedro.
            - E então estás a gostar da cidade? Estás cá de férias desde quando?
            - Sim, Lisboa é muito bonita. Embora seja muito cosmopolita é um recanto gracioso. Estou cá de férias desde o inicio de Agosto, quando começou o torneio.
            - E os teus avós deixam andar a donzela perdida pela capital?

segunda-feira, 23 de maio de 2011

5º Capítulo - A conversa 2ª Parte

-Oh, não jogo nada. – Disse envergonhado. Levantou-se da cadeira onde estava sentado – Eu tenho que limpar isto, mas continua a falar. Queres alguma coisa para beber? – Perguntou Pedro enquanto se aproximava das arrumações.
- Não obrigada. Mas estou com alguma fome, não tens nada para comer?
- Acho que não, mas eu vou ver ali atrás. – Disse Pedro enquanto desaparecia da mira de Mariana - olha tenho aqui duas sandes de fiambre, queijo e alface, queres? – Perguntou Pedro já dentro da cozinha.
            - Sim pode ser. Quanto é que é? - Questionava Mariana.
- Não é nada, eu pago. – Afirmava Pedro.
- Olha agora, não pagas nada. – Declarava Mariana.
 Foram detidos pelo toque do telemóvel dele.
- Que nervos, esta rapariga é paranóica! – Dizia Pedro enquanto saía da cozinha com as duas sandes numa mão e o telemóvel na outra.
-Não vais atender? – Perguntou Mariana.
- Não, estou cansado de a suportar. Ela não consegue perceber que eu não quero nada com ela. Qual é o teu sumo favorito?
- Manga e laranja.
Aproximou-se da mesa onde Mariana estava sentada. Deu-lhe a sandes que tinha feito carinhosamente para ela, entregou-lhe também um sumo de manga e laranja, enquanto o dele era de morango.
-Oh, obrigada! Não era preciso. Mas afinal quem é essa rapariga? – Questionava Mariana dando uma golada no seu sumo.
-A Cátia, a enfermeira que te ajudou. Ela quer-me arruinar a vida, aproveita-se do facto de eu trabalhar no café do pai dela para me chantagear a toda a hora. – Esclarecia Pedro.
- Mas ela chantageia-te porquê? – Pergunta Mariana com cara de espanto enquanto pegava na sua sandes para começar a comer.

- Sim, diz que se eu não andar com ela diz ao Sr. Filipe para me despedir e coisas dessas. Mas eu não vou na conversa dela. Ele tem sido um pai e uma mãe para mim. Desde que a minha mãe morreu, ele ajudou-me muito. Tirou-me da miséria e da droga. Já fez muita coisa por mim e eu lhe vou estar eternamente grato. – Dizia Pedro com alguma angústia.
- A tua mãe morreu? Tu andaste na droga? – Perguntou Mariana com alguma surpresa. Queres contar-me essas histórias? Se te sentires há vontade de contar, claro. – Pronunciou Mariana enquanto olhava para Pedro.
- Bem…a minha mãe morreu quando eu tinha 14 anos. Morreu de cancro linfático. Foi muito rápido pois, quando foi descoberto, já era tarde de mais. A minha mãe foi muito abaixo quando soube da notícia, mas nunca desistiu porque tinha três filhos para criar. Seguiu um tratamento rigoroso, durante um longo ano lutamos pelo fim daquele pesadelo, quando finalmente estava a acabar e ela ia ser operada, houve umas complicações na operação e acabou por morrer. – Enquanto exprimia isto, seus olhos tinham-se tornado uma poça de água, as lágrimas começavam agora a escorrer pela sua face abaixo.
- Tem calma. – Proferiu bem baixinho Mariana junto ao seu ouvido, tocando no seu cabelo carinhosamente e abraçando-o. – E o teu pai?

- O meu pai? O meu pai fugiu de casa quando a minha irmã mais nova nasceu, correu para os braços de outra mulher deixando a minha mãe com 3 crianças nos braços por criar. Nunca mais o vi na minha vida, e na verdade não o quero ver mais. A minha mãe ainda é importante para mim. Ela era uma mulher muito corajosa. – Expressava tais palavras ainda em lágrimas.
- Acredito que sim, criar 3 filhos sozinha não deve ter sido nada fácil. Mas podes contar-me a história da droga? – Questionava Mariana.
- Bem, é um bocado difícil para mim contar isso. Mas tu pareces ser de confiança. A minha irmã mais velha começou a trabalhar ainda antes da minha mãe morrer. Como já era maior de idade quando ela morreu ficou com a custódia da minha irmã e a minha, nem acabou o curso para nos sustentar. Ela começou a trabalhar num restaurante, mas como não ganhava muito, começou a trabalhar em dois locais, num restaurante e num hipermercado. Trabalhava tanto e não ganhava quase nada. Eu não podia ver as minhas irmãs a sofrer daquela maneira. Tão pouco dinheiro em casa e tanto sofrimento com a perda de minha mãe. Conheci uns rapazes e entrei no negócio da droga. Eu primeiramente, só vendia. Ganhava bem, instaurei o meu próprio negócio, quem queria comprar já sabia que eu tinha. O negócio era bom, ganhava uns bons trocos e dava para ajudar lá em casa. – Informava Pedro.
- Mas tu só vendias? Ainda bem, do mal o menos. Mas mesmo assim tu eras tão novo para andar nesses negócios.
- Sim, é verdade era muito novo para andar naqueles negócios, tinha 14 anos. A vida não era fácil, não podia trabalhar com aquela idade e tinha que ajudar de alguma maneira lá em casa. Mas espera, ainda não acabei. Eu primeiro vendia, mas acabei por me agarrar às drogas leves. A vida não estava fácil eu sofri muito com a perda da minha mãe, e aos 16 meti-me na droga. As companhias não eram nada boas e fui influenciado, acabei por entrar no mundo da droga. – Dizia Pedro agora com alguma vergonha ao expor tal situação.
- A sério? – Perguntava Mariana admirada.
- Sim, passei por volta de dois anos nesse vício. Mas fartei-me, queria sair daquilo, mas não sabia como. Já tinha perdido tudo de bom que tinha na minha vida. Aquela condição obrigou-me a sair de casa e acabei por ficar sem ver as minhas irmãs durante muito tempo só por causa do vício. Um dia, vim a este café. Estava farto da vida que levava, naquele dia o negócio quase dava para o torto. – relembrava Pedro. Mariana ouvia-o atentamente – Quando me sentei ali no balcão, nem sequer sabia que era do Sr. Filipe o dono do café, eu conhecia-o porque sempre morei neste bairro. Só que já não vinha cá há muito tempo, desde que tinha saído de casa. – Suspirou e lacrimejou novamente.
- Calma. – Pediu carinhosamente Mariana.
- Quando aqui cheguei, o sr. Filipe reconheceu-me logo. Falamos durante horas, contei-lhe tudo o que se tinha passado e o que se passava. Ele ofereceu-me ajuda e confessou-me que sempre me considerou um filho. Acabou mesmo por assumir que o amor da sua vida era a minha mãe e que também estava a sofrer muito, com o que se tinha passado com ela. – Lacrimejou novamente. - Ele ajudou-me muito desde aí! Pagou-me um tratamento de reabilitação e ofereceu-me este emprego, com a instância de que tinha mesmo de deixar a droga, se não nada feito. – Assumiu Pedro.
- E tu? Largas-te?

domingo, 22 de maio de 2011

4º Capítulo - A conversa

Afastaram-se da mesa onde Mariana estava sentada e falaram durante algum tempo.
Mariana permaneceu sentada numa mesa ao fundo do café. Enquanto eles falavam ela reparava na decoração do café, reparava agora pela primeira vez no nome, “ happy time- a felicidade começa aqui!”, riu-se baixinho. De repente, foi interpolada por uma voz feminina.
- Já estás melhor? – Perguntou a empregada do café.
- Sim, obrigada! – Respondeu Mariana, com um sorriso na cara.
- Ainda bem! Eu sou a Tânia, trabalho neste café. Fui eu que chamei a Cátia. Pregaste-nos cá um susto! – Afirmou a empregada. -Aqueles dois são como o cão e o gato. – Comentou.
- Eu chamo-me Mariana. Já reparei que sim. Eles namoram? – Interrogou Mariana.
- Não. Quer dizer, já namoraram quando eram bem pequenos, mas ele, para ela é o amor da sua vida. Sempre gostou dele, mas mesmo sabendo que ele não gosta dela, ela continua atrás dele! – Informou Tânia.
- E ele tem namorada? – Questionou Mariana.
- Não. Acabou uma relação há pouco tempo, de onde saiu muito magoado. – Contou a empregada.
A conversa acabou por momentos. Acabava de entrar Pedro e Cátia a discutirem.
- Cátia, deixa-me em paz! Já te disse milhões de vezes que não quero nada contigo! Estúpido sou eu, que ainda te continuo a dar ouvidos! – Rabujava Pedro, enquanto entrava nas arrumações do café.
-Pedro, espera! – Proferia Cátia, enquanto entrava no café a lacrimejar. – Eu ainda não acabei. - Como viu que ele não voltava, voltou costas e saiu do café.
- Bem Mariana, eu já volto. Vou ter com a Cátia. - Proferiu Tânia. Ficas bem? – Proclamou enquanto saía correndo do café.
- Sim fico Tânia, obrigada! Não te preocupes, eu já estou bem! – Compreendeu Mariana.
Por ocasião ficava ali a olhar pelo vidro a paisagem, à espera, se Pedro ainda viesse. Esperou um moderado de tempo, como sentiu que já não estava a fazer nada ali e que aquilo tinha sido uma perda de tempo, pagou a água, levantou-se da cadeira, e dirigiu-se para a saída.
- Onde vais? Espera um pouco. – Disse Pedro enquanto saía das arrumações.
- Vou-me embora. – Disse Mariana já perto da porta.
- Espera! – Pediu Pedro.
Mariana continuou, mas foi agarrada subitamente pelo braço esquerdo.
-Eu pedi-te para esperares. – Continuou Pedro. – Tu ainda não estás bem, fica aqui comigo.
- Eu já estou bem, e tenho que me ir embora. – Proferiu Mariana, enquanto se descartava do agarrar do seu braço por parte de Pedro.
- Mas…espera! – Pediu novamente Pedro. – Ainda nem sei o teu nome, como te chamas?
Ao olhar para Pedro, Mariana reparou novamente que ele tinha um sorriso lindíssimo.
- Eu conheço-te, vi-te no outro dia na festa! – Revelou o empregado.
          - Eu chamo-me Mariana. Sim, eu também já te vi. – Divulgou Mariana ao empregado.
          - Tu andavas no…
            Foram interrompidos pelo tocar do telefone.
-Espera, eu já volto. Não te vás embora! – Pediu Pedro a Mariana. -Estou sim? Sim, senhor Filipe. Está bem! Eu compreendo, não se preocupe. Sim, sim. Eu fecho o café. Abraço, até amanhã. – Falava com o seu patrão ao telefone. – Desculpa, era o senhor Filipe. Já não volta ao café e a Tânia também não. Vou ter que fechar o café, e arrumá-lo também. Mas fica comigo, por favor. Eu tenho medo! – Proferiu num tom jocoso.
- Se calhar é melhor ir embora, não quero atrapalhar. – Disse Mariana.
- Não atrapalhas nada! – Exprimiu Pedro aproximando-se da porta. – Vou fechar isto, hoje o dia foi longo.

- Queres ajuda nalguma coisa? – Perguntou Mariana.
- Não, não é necessário. – Expressou Pedro aproximando-se da mesa onde Mariana se tinha sentado novamente. Sentou-se ao lado dela e fixou o seu olhar no dela. – Finalmente, sós. Onde tínhamos ficado há bocado?

- Não me lembro. – Disse Mariana rindo-se.
-Ahm, já me lembro. Tu jogas badmington? – Questionou.
-Sim, eu conheço-te de lá, do torneio de Sintra. Tu tens uma força incrível e jogas muito bem. – Retribuiu Mariana.