terça-feira, 24 de maio de 2011

6º Capítulo- A conversa 3ª Parte

- Sim, larguei. Nessa mesma noite, passou comigo por minha casa. Falou com as minhas irmãs para elas me ouvirem. Esclareceram-se os problemas e acabei por ficar em casa delas a dormir nessa noite. – Proferiu com um sorriso escondido. – Pronto, desde aí sempre trabalhei aqui, estudo de dia e trabalho à noite e às vezes de tarde. Ganho uns trocos e sou feliz com as minhas irmãs, é o que me interessa. Bem, eu já falei tanto. É a tua vez. – pediu Pedro a Mariana.
- Ai, já viste que horas são? São 11h da noite. Tenho que ir embora!
Pedro ri-se, e diz:
 – Não te vais escapar assim tão facilmente de mim.
- Eu não me quero escapar. Só que já é tarde e tu ainda tens de arrumar isto. Bem, eu ajudo-te. – Ofereceu Mariana.
-Não é necessário ajudares. - Contradisse Pedro.
-Mas eu quero ajudar. – pronunciou Mariana.
-Então pronto, vamos lá. Vai passando esse pano molhado em cima das mesas e depois pões as cadeiras em cima das mesas, enquanto eu vou lavando ali a louça e depois lavo o chão. – Anunciou Pedro.
-Ok. – Concordou Mariana.
Enquanto avançavam nas suas tarefas, iam continuando a falar. Falavam de tudo, da vida e da morte, das tristezas e das alegrias.
-Conta lá então a tua história Mariana. – Pediu Pedro quando começava a lavar a louça.
- O que queres saber? – Perguntou Mariana quando começava a limpar a mesa onde estiveram a comer.
-O que quiseres contar. – Afirmou Pedro.
-Tal como para ti, a vida também não tem sido nada fácil. A minha mãe morreu quando eu nasci, foi um parto complicado, pelo que contam, sucumbiu a pedir ao meu pai que me fizesse a menina mais feliz do mundo. Mas o pedido não se concretizou. – Contou Mariana desfez-se em lágrimas, enquanto que chegava perto do balcão com os copos por onde tinham bebido os seus sumos.
- Não chores Mariana. – Pediu Pedro, limpando de imediato as suas mãos molhadas num pano que tinha perto de si, para acariciar o rosto de Mariana.
- O meu pai trabalhava em Viana do Castelo, mas depois do que aconteceu foi viver para casa dos meus avós paternos, pois sabia que ali me poderia dar toda a atenção e me conseguiria fazer feliz. Mas isso não aconteceu. O meu pai começou a beber por causa de tudo o que se estava a passar naquele momento. Acabou por morrer com cancro no fígado de tanto beber, quando eu tinha apenas 2 anos. Não tenho boas recordações dele. Lembro-me dele chegar sempre bêbedo a casa e os meus avós porem-me logo a dormir, mais nada. E da minha mãe, apenas tenho uma fotografia que os meus avós guardaram para mim. – Voltava a lacrimejar.
Pedro limpa as lágrimas do rosto dela e dá-lhe um grande abraço.

- Tem calma! – Suplicou Pedro.
-Como vês a vida também não foi fácil para mim. – Assumiu Mariana.
- Vejo que não. E com quem viveste até agora? – Questionou Pedro.
-Desde pequena que vivo com os meus avós paternos no Norte. - Respondeu Mariana.
-És do Norte? E o que fazes aqui? – Perguntou de imediato.
-Sim, por enquanto estou de férias com os meus amigos que já estudam cá desde o ano passado. Mas o que quero é vir para aqui a estudar. – Retribuiu Mariana.
- Vens estudar para cá? O quê? A minha mãe também era do Norte. –  Afirmou Pedro.
- Quero tirar o curso de radiologia, na universidade de ciências e saúde. A tua mãe era de Perafita? Isso é perto da minha terra. E tu costumas ir ao Norte? – perguntou Mariana.
- Lembro-me de ir em pequeno com a minha mãe e com as minhas irmãs, mas desde que ela morreu nunca mais lá voltamos. – assumiu Pedro.
- Ainda tens lá família? - questionou Mariana.
-Não sei. Perdi o contacto com a minha família depois do funeral da minha mãe. Eles nunca se deram bem com ela, porque ela veio para Lisboa muito nova. Fugiu de casa para vir atrás do meu pai. – Assumiu Pedro enquanto abanava a cabeça.
            - A tua mãe fugiu de casa? – Perguntou Mariana. - As mesas já estão lavadas. - Informou.
            - Muito bem, por mim contratava-te hoje. – Disse brincando. – Sim, a minha mãe com 18 anos fugiu de casa, para vir ter com o meu pai a Lisboa, mas deixemos de falar nisto por favor. – Pede Pedro com algum desgosto.
            - Ok, compreendo Pedro.
            - E então estás a gostar da cidade? Estás cá de férias desde quando?
            - Sim, Lisboa é muito bonita. Embora seja muito cosmopolita é um recanto gracioso. Estou cá de férias desde o inicio de Agosto, quando começou o torneio.
            - E os teus avós deixam andar a donzela perdida pela capital?

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