terça-feira, 9 de agosto de 2011

34º Capítulo - Declaração


 Quando o carro se afasta Mariana lacrimeja um pouco e nem uma palavra diz enquanto não saiu da cidade de Lisboa. Quando parou de chorar, num instante limpou as lágrimas e de seguida insere um cd com músicas que tanto João como ela gostavam, a partir daí começou a cantar com João e a viagem correu lindamente. Entre risadas de anedotas e conversas sobre situações do dia-a-dia lá chegaram a Aveiro, era 1h da manhã. Depressa Mariana se apressou a ligar a Pedro e a Matilde para clarificar que estava tudo bem e que a viagem tinha corrido às mil maravilhas. De seguida liga a Inês:
“Amor? Estou à porta do apartamento do Guilherme. Onde andas? Ok, naquele bar de sempre? Ok, nós já vamos ter aí! Até já amor.” Seguiram em direcção ao bar a que costumavam ir sempre que estavam em Aveiro. Assim que chegaram foram logo bem recebidos por Inês e Guilherme e de seguida pelos amigos de Guilherme. Depressa se seguiram os brindes àquele e àquela, ao fim das férias e ao inicio das aulas. Sorrisos e boa disposição reinavam. “A noite vai ser longa!” admitia Mariana, já nem se lembrava que tinha que falar acerca do Diogo com Inês. A animação era demasiada para falar sobre isso.
- Maninha, gosto mais de te ver assim, com esse sorriso lindíssimo! – Dizia Inês abraçando-se a Mariana.

De repente um amigo de Guilherme lembrou-se que havia festa de despedida do Verão na praia da Torreira e depressa todo o grupo se encaminhou para lá. Estavam todos animados, a verdade é que já eram 4h da manhã e cerca de 15 garrafas de vodka já tinham sido bebidas, e não só, era cerveja, vinho do porto, safari, licor beirão, de tudo já tinha sido consumido. O grupo chegou à festa e instaurou logo a animação total. Todos dançavam e sorriam. 

Mariana já estava mal disposta de tanto beber e decidiu pedir a João para ir com ela dar uma volta com ela pela praia. O sol nascia daqui a nada.
Na praia, Mariana estava eufórica e um bocado animada depois de tudo que já tinha bebido até ali.
- Vamos tomar um banho ao mar, Joãozinho?
- Hey Mariana, tem calma. Estou cheio de sono! Já não me consigo levantar daqui!
-Eu sei, mas levanta-te. Quero mesmo molhar-me, estou cheia de calor!
Mariana abraçou-o e atirou-lhe com areia para a cara. - Anda lá molengão! Não me consegues apanhar, na na na na na! – dizia provocando-o.
Depressa João foi atrás de Mariana, despiu o casaco e a t-shirt, cheio de sono lá foi ele atrás de Mariana até à água gelada do mar.
-Fogo Mariana, está gelada! Só tu para me fazeres constipar! Ai tu às vezes não bates mesmo bem...A sério. – diz saindo de água de imediato.
- Precisava de mar, Joãozinho! Estou com um calor desgraçado.
- Mariana? Tu já não estás bem, o vinho caiu-te mal! Mariana, caso não te lembres, já não é Verão. Ai que nos vamos constipar! Mariana, anda embora, sai da água! – pedia João já quase fora de água.
- A energia hoje é natural, Joãozinho! Que rica água, huum que boa! – gozava Mariana atirando água para João.
Mariana depressa saiu da água, estava geladíssima. Não havia mais ninguém naquela praia, só Mariana e João, acompanhados pelo vento e pelo frio que se fazia sentir naquela madrugada. Mariana adorava a praia, em qualquer altura do ano, era irresistível. Desde pequena que passava férias na praia, a sua madrinha vivia em Viana do Castelo, por isso já estava habituada à água gelada. Depressa estendeu uma toalha gigante que tinha na sua mala, afinal na mala de uma mulher há de tudo, e deitou-se com João.

-Ai que sono, durmo já aqui! Não me levanto mais Mary! – dizia João sorrindo para Mariana.
Fecharam os olhos e ali ficaram enrolados na toalha a sentir o vento frio na cara. Mariana começava agora a rir-se.
-O que foi piolha?
-Eh pah, estou a ficar com frio! – Mariana encostou-se ao nariz de João - Tenho saudades de ser criança e quando brincávamos na tua casa. Brincávamos às corridas de carrinhos e tu me chamavas piolha, como ainda me chamas. Era tudo tão mais fácil!
- Também eu Mariana! Mas continuo a gostar de ti da mesma maneira! – Mariana enrolava-se agora no casaco de João.

- Fogo que frio!
- Anda cá! – disse João. Abraçou-se a Mariana e ali ficaram os dois deitados na praia abraçados. Quem os visse podia pensar que eram namorados. Mas não, eram amigos, muito amigos. A cumplicidade não tinha limites, desde bebés que se conheciam, davam-se muito bem. Conheciam tudo um do outro e quando Mariana fraquejava, ou João, apoiavam-se mutuamente. Depressa se sentaram e deixaram-se de se abraçar, mas continuavam de mãos dadas a olhar o mar. De repente, João olhou para Mariana e afastou-lhe o cabelo que insistia em tapar-lhe os olhos.

- Sempre namoras com o Pedro?
- Sim, e estou muito bem com ele Joãozinho. – diz com um sorriso enorme na cara. - Já há muito que não me sentia tão bem com alguém.
João ficou parado por momentos, abaixou a cara e encostou-a aos joelhos.
- Oh João, estás assim com tanto sono? Vamos para casa, já! – diz levantando-se da toalha.
- Quando é que percebes que eu te amo Mariana?! – diz agarrando-a de imediato no braço.
-Oh João? Nós já falamos imensas vezes sobre isto. Não me faças magoar-te Joãozinho! Sabes que gosto muito de ti, mas não da mesma maneira que tu. És o meu melhor amigo.
Ele agarrou-a na cara e falou bem perto dos seus lábios.
-Eu já te disse e volto a dizer Mariana, eu morro por um beijo teu. Eu posso perder tudo na vida, mas não te quero perder.
-Mas… Mas tu sabes que nunca me vais perder João! Mas já te disse várias vezes que…
-Nem digas mais nada, eu já sei o que vais dizer! -disse-lhe com algumas lágrimas nos seus olhos azuis.
-João eu sempre...
-Deixa-me acabar Mariana, senão não te digo tudo o que tenho para te dizer há anos! Eu amo-te desde miúdo Mariana. – Parou por momentos e olhava intensamente para Mariana. – Nunca, mas nunca te vou conseguir esquecer. Os teus olhos, a tua boca, o teu cabelo, a maneira como te ris. - Dizia enquanto delineava todas as partes da cara de Mariana. - Conheço tudo em ti Mariana, sei tudo de ti! E não quero que sofras de nenhuma maneira, queria-te ao pé de mim, queria-te poder beijar todos os dias. Mas não, não posso, só te posso ver, sentir-te por perto, mas nunca da maneira que tanto quero.
Mariana levantou-se do chão e disse:
- Fo***** João, queres-me matar? Eu sempre fui tua melhor amiga e não te quero magoar com o que sentes! Porque é que me dizes estas coisas? Queres-me fazer sentir culpada?
- Olha porque não aguento mais guardar isto tudo só para mim! Não consigo ver-te abraçada a outro qualquer, a beijá-lo e eu sem poder fazer nada! - Ele agarrou-a com força e abraçou-a. Nesse momento, Mariana sentiu um nó, olhou para os olhos brilhantes de João. Apetecia beijá-lo sim, mas não o amava, amava Pedro, de verdade. Mas o que ele lhe tinha dito, deixou-a de rastos, aquele amor que ele sentia por ela fê-la sentir tão bem, tão desejada.
-Não João! – diz empurrando-o.
Ele aproximou-se mais dos seus lábios, Mariana já sentia a respiração dele próxima e por momentos os seus lábios tocaram-se enquanto João dizia:
- Lembras-te quando brincávamos aos namorados no sótão lá de casa, com a Joana e o com Nélson? Lembras-te quando a minha priminha Diana nos perguntava se éramos namorados? Ficava feliz em pensar nisso e poder dizer que sim, em ser mesmo teu namorado. – fez uma pequena pausa enquanto afastou os cabelos da cara de Mariana. - Só quero sentir os teus lábios uma vez na vida, deixa-me ser feliz por um único segundo.
- João, não! Larga-me, por favor! – disse Mariana enquanto se afastava de João.
Os lábios deles por momentos afastaram-se, depressa João a agarrou no braço e puxou-a outra vez para junto dele. 

2 comentários:

  1. Gostei do teu espaço!!!

    Aproveito para deixar o endereço do meu blog http://viagemsemretorno.blogspot.com/

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